terça-feira, 13 de agosto de 2013

EDUCAÇÃO EM DISCUSSÃO - CARTA DE REPÚDIO








Réplica a apuração a respeito da atuação do Educador Infantil no âmbito da rede municipal de ensino.

Ilustríssima Secretaria, venho através desta refutar o termo de audiência assinado pela senhora e colaboradores, visto que a classe docente a qual faço parte (Educador Infantil) foi claramente desprestigiada e discriminada. Sou graduada em pedagogia assim como mais de cinqüenta por cento dos meus colegas educadores da rede municipal de Belo Horizonte que possuem curso de nível superior e mesmo em nível médio o docente recebe formação para atuar em salas de aulas, após alcançar méritos exigidos pelos cursos aprovados pelo MEC. Creio que A ilustríssima Secretaria se equivocou ao afirmar que a carreira do educador infantil é distinta da carreira do professor, pois conforme nos esclarece inúmeros teóricos e universidades, todo educador é professor, porém, nem todo professor é um educador.

Ser professor não se restringe a aplicar conteúdos, corrigir e alcançar metas, assim como educar não se limita a brincar e cuidar, e o desenvolvimento integral da criança de zero até os cinco anos e oito meses está além das singelas palavras que a senhora utilizou em sua afirmação para resumir a atuação do educador infantil. O educador necessita elaborar seu plano de aula como qualquer outro docente, elaborar atividades coletivas, participar e contribuir em reuniões pedagógicas para melhor desempenho do grupo de profissionais, elaborar projetos, dentre outras funções pedagógicas que o ofício de educar exige de todo docente, lembrando que docente/educador é aquele que auxilia o aluno a desenvolver suas inteligências, promove o desenvolvimento da capacidade, físico, emocional, social, psicossocial, afetivo, intelectual, moral, possibilitando o bem estar integral do aluno.

Caso não tenha pesquisado o suficiente, o brincar por brincar a criança já concretiza só, diariamente em convivência com seus pares e demais integrantes da família, o brincar (lúdico) exige orientação e um profissional formado, capacitado e competente para elaborar atividades pedagógicas pois o brincar orientado é uma atividade pedagógica, que posso afirmar com autonomia diante minha formação e exige profissionais com formação pedagógica, formação esta que mesmo em nível médio o magistério oferece.

Qual a finalidade das Proposições Curriculares da Educação Infantil, uma vez que nós educadores não temos a competência de elaborar planos de aulas segundo sua afirmação?

Qual a finalidade dos dizeres apresentados nas proposições curriculares da Educação Infantil uma vez que não somos parte da escola, não somos professores?

Qual a necessidade de um currículo para a Educação Infantil se o objetivo segundo a afirmação da senhora é o brincar pelo brincar?

“Lembrando que no texto assinado pela senhora, as proposições curriculares para a Educação Infantil, a fala é oposta a afirmação feita pela ilustríssima Secretária de Educação do Município de Belo Horizonte. Em vários momentos como na apresentação geral, por exemplo, a formação e ação docente são indissociáveis do cuidar e educar tanto para educador quanto para o professor. Segundo o texto houve estudos e pesquisas sobre a teoria do desenvolvimento infantil, diante disso creio que leigos como nós educadores não podemos atuar nesta área uma vez que exige uma certa formação pedagógica.

Muita imprudência dos administradores municipais diante de um documento e pesquisas permitirem o acesso de pessoas sem formação adequada atuarem na área da educação dentro de sala de aula com crianças (alunos) onde a quantidade de vagas por idade é limitada e o adulto responsável tem que estar orientado conforme o planejamento pedagógico elaborado pela equipe de profissionais da escola. Não desconsiderando também que a educação Infantil foi incorporada como primeira etapa da Educação Básica pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96), e as proposições curriculares para a educação infantil surgiram para nortear as práticas “pedagógicas” enriquecendo propostas “pedagógicas” segundo o documento elaborado pela secretaria de Educação do Município de Belo Horizonte e assinado pela própria secretária de educação.

Lembrando ainda ilustríssima Secretária que além das ações de cuidado, há necessidade de reconhecer a criança como um sujeito competente, detentora de conhecimento que necessitam aprimoramento, entender quem é a criança, como constroem conhecimentos, como se desenvolvem, e isso creio que um leigo em formação educacional não tenha competência para administrar, então se o educador que está na escola ministrando tudo isso não pode ser qualificado como um professor, ele é qualificado como?

A senhora está tratando o Educador Infantil como cargo supérfulo, mal necessário, um paliativo a sociedade, sugiro que releia o art.29 da LDBEN 9394/96. Como Secretária da Educação, a senhora tem o conhecimento de que a função social das instituições de educação infantil estão além do que soam tuas palavras, e de que o profissional da educação infantil necessita não só habilidades como também, formação, investimento no desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, cognitivas, para atender e resguardar as crianças pequenas.

Portanto suas afirmações estão contraditórias, em um documento oficial suas palavras reconhecem o valor do educador infantil e nesse termo de audiência ocorrido em oito de junho de dois mil e onze a senhora contradiz tudo o que foi relatado inclusive em reuniões públicas com a categoria. Espero que a senhora tenha o que explicar para os pais quando estes perceberem que nós não mais executaremos nossas atividades de cunho pedagógico uma vez que a Secretária de Educação de Belo Horizonte discriminou, diminuiu, humilhou a classe trabalhista dos Educadores Infantis, nomeando-os incompetentes em documento oficial quanto ao exercício de práticas pedagógicas. Eu e meus colegas de classe não nos identificamos por motivo de retaliações que possamos vir a sofrer diante de um governo intransigente, onde a verdade é camuflada para conveniência da política e os servidores passam por mentirosos diante dos abusos administrativos.



Desde já grata pela atenção,



Educadora Infantil do Município de Belo Horizonte.

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